14 março, 2012
0 Paradoxo, Mistério e Contradição - R. C. Sproul
Mt 13.11; Mt
16.25; Rm 16.25-27; 1Co 2.7; 1Co 14.33
A
influência de vários movimentos em nossa cultura, tais como a Nova Era, as
religiões orientais e a filosofia irracional tem provocado uma crise no
entendimento. Um nova forma de misticismos tem surgido, a qual exalta o absurdo
como a marca registrada da verdade religiosa. Lembremo-nos da máxima do Zen
Budismo, de que "Deus pe uma mão batendo palmas" como uma ilustração
desse padrão.
Dizer
que Deus é uma mão batendo palmas tem uma ressonância profunda. Tal afirmação
confunde a mente consciente, pois é um golpe nos padrões normais de
pensamentos. Soa "profundo" e intrigante, até analisarmos
cuidadosamente e descobrimos que a raiz é simplesmente destituída de sentido.
A
irracionalidade é um tipo de caos mental. Fundamenta-se na confusão que se opõe
ao Autor de toda a verdade, o que não é de forma alguma outor de confusão.
O
cristianismo bíblico é vulnerável a tais correntes de irracionalidade exaltada,
porque irracionalidade admite condidamente que existem muitos paradoxos e
mistérios na própria Bíblia. Existem linhas que separam o paradoxo, o mistério
e a contradição; embora sejam tênues, essas linhas divisórias são cruciais e é
importante que aprendamos a distingui-las.
Quando
tentamos perscrutar as profundezas de Deus, somos facilmente confundidos.
Nenhum mortal pode compreender a Deus exaustivamente. A Bíblia revela coisas
sobre Deus que sabemos serem verdadeiras, a despeito da nossa capacidade de
entendê-las completamente. Não temos um ponto de referência humano para
entender, por exemplo, um ser que é três em termos de pessoa, mas um só em
essência ( a Trindade ), ou um ser que é uma pessoa com duas naturezas
distintas, humana e divina ( a pessoa de Cristo). Essas verdades, tão certas,
como são, são "elevadas" demais para podermos compreendê-las.
encontramos
problemas similares no mundo natural. Sabemos que a força da gravidade existe,
mas não a entendemos e nem tentamos defini-la como irracional ou contraditória.
A maioria das pessoas concorda que o movimento é uma parte integrante da
realidade, embora a essência do movimento em si tenha deixado filósofos e
cientistas perplexos por milênios. Há muito mistério sobre a realidade e muitas
coisas que não entendemos. Isso, porém, não justifica um salto absurdo. A
irracionalidade é fatal tanto para a religião como para a ciência. De fato, ela
é mortal para qualquer verdade.
O
filósofo cristão Gordon H. Clark certa vez definiu um paradoxo como "uma
caimbra entre as orelhas". Seu comentário espirituoso destina-se a
destacar que aquilo que às vezes é chamado de paradoxo freqüentemente nada mais
é do que preguiça mental. Clark, entretanto, reconhecia claramente o papel
legítimo e a função do paradoxo. A palavra paradoxo vem de uma raiz graga que
significa "parecer ou aparentar". Paradoxos são difíceis de entender
porque a primeira vista "parecem" contradições, mas quando são
sujeitos a um exame minucioso, freqüentemente pode-se encontrar as soluções.
Por exemplo, Jesus disse: Quem perda a vida por minha causa acha-la-á( Mt
10.39). Aparentemente, isso soa semelhante à declaração de que "Deus é uma
mão batendo palmas". Soa como uma contradição. O que Jesus queria dizer,
contudo, é que se alguém perde sua vida em um sentido, irá encontrá-la em outro
sentido. Já que a perda e a salvação têm sentidos diferentes, não há
contradições. Eu sou pai e filho ao mesmo tempo, mas obviamente não no mesmo
relacionamento com a mesma pessoa.
O
termo paradoxo é freqüentemente mal-interpretado como sendo sinônimo de
Contradição; agora, inclusive, aparece em alguns dicionários como um
significado secundário desse termo. Uma contradição é uma afirmação que viola a
lei clássica da não-contradição. A Lei da não-contradição declara que A não
pode ser A e não-A ao mesmo tempo e no mesmo contexto. Quer dizer, algo não
pode ser o que é e não ser o que é ao mesmo tempo e no mesmo contexto. Essa é a
mais fundamental de todas as leis da lógica.
Ninguém
pode entender uma contradição, porque uma contradição é inerentemente
incompreensível. Nem mesmo Deus pode entender contradições; entretanto,
certamente ele pode reconhecê-las pelo que são - falsidades.
A
palavra contradição vem do Latim - "falar contra" -Às vezes é chamada
uma antinomia, que significa "contra a lei". Para Deus, falar em
contradições seria ser intelectualmente anormal, falar com língua bipartida.
Até mesmo insinuar que o autor da verdade poderia cair em contradição seria um
grande insulto e uma blasfêmia irresponsável. A contradição é a arma do
mentiroso - o pai da mentira, que despreza a verdade.
Existe
uma relação entre mistério e contradição, que facilmente nos leva a confundir
ambos. Não entendemos mistérios. Não podemos entender contradições. O ponto de
contato entre ambos os conceitos é seu caráter ininteligível.
Os
mistérios podem não ser claros para nós agora simplesmente porque nos falta a
informação ou a perspectiva para entendê-los. A Bíblia promete que no céu
teremos mais luz sobre os mistérios que agora não podemos entender. Mais luz
pode resolver os atuais mistérios. Não existe, entretanto, luz suficiente nem
no céu nem na Terra para resolver uma óbvia contradição.
Paradoxo
é uma contradição aparente que, quando examinada com mais cuidado, pode
apresentar uma solução.
Mistério
é algo desconhecido para nós no presente, mas que pode ser solucionado.
Contradição
é uma violação da Lei da não-contradição. É impossível ser resolvida, tanto
pelos mortais como pelo próprio Deus, tanto neste mundo como no mundo vindouro.

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Vida Cristã
13 março, 2012
0 Escravos de sua própria carne – John MacArthur
Nós
ainda somos "de carne", e portanto nosso corpo físico se deteriora e
morre. O micróbio da morte habita em nós. Por causa da maldição do pecado,
começamos a morrer logo que nascemos.
Para
os cristãos, entretanto, há mais para esta vida terrena do que a morte:
"Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa
do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça" (Rm 8.10). Em
outras palavras, o corpo do homem está sujeito à morte (já está morrendo) por
causa do pecado, mas o espírito do crente está vivo em Cristo. A vida eterna é
a nossa possessão presente. Embora o corpo esteja morrendo, o espírito já está
dotado de incorruptibilidade.
Aqui
a palavra "corpo" se refere claramente ao corpo físico (não o
princípio da carne), e a expressão "morte" fala da morte física. (Ver
a discussão no Apêndice 1 sobre como Paulo frequentemente usa "carne"
e "corpo" para se referir à tendência pecaminosa nos cristãos).
Perceba que os versos 10 e 11 usam a palavra "corpo" (soma) em vez de
"carne" (sarx) — palavra que Paulo usou nos nove primeiros
versículos. Dessa maneira, ao contrastar "corpo" com
"espírito", ele não deixa dúvidas quanto ao seu significado. No versículo
10, o "espírito" é vida, refere-se ao espírito humano, à parte
espiritual do nosso ser. O corpo pode estar morrendo por causa do pecado, mas o
espírito do crente está totalmente vivo e progredindo por "causa da
justiça" — porque somos justificados e portanto já "passamos da morte
para a vida" (Jo 5.24). Aqui Paulo está simplesmente dizendo o que também
disse aos Coríntios: "Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que
o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova
de dia em dia" (2Co 4.16).
De
fato o Espírito que habita em nós também promete "vida para nosso corpo
mortal" numa ressurreição futura com o corpo glorificado (Rm 8.11).
O
que Paulo quer dizer é que o corpo, sem o Espírito de Deus, não tem futuro. Está
sujeito à morte. Portanto, não temos obrigação em relação ao lado mortal do
nosso ser: "Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se
constrangidos a viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne,
caminhais para a morte; mas, se pelo Espírito, mortificardes os feitos do
corpo, certamente vivereis" (Rm 8.12, 13). Aqui Paulo usa a palavra sarx
("carne") no sentido de "princípio pecaminoso" — e a
compara com "os feitos do corpo". Se você vive de acordo com a carne
— se vive em resposta aos impulsos pecaminosos — você "deve morrer".
Paulo
está mais uma vez traçando os pontos de distinção, tão clara-mente quanto
possível, entre os cristãos e não-cristãos. De forma nenhuma ele está alertando
os crentes quanto ao perigo de perda da salvação se viverem segundo a carne.
Ele já mostrou que o verdadeiro cristão não vive e nem pode viver segundo o
princípio do pecado (vs. 4-9). Além disso, Paulo iniciou o capítulo 8 com a
afirmação "Agora, pois, j á nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo Jesus" (8.1). Ele terminará o capítulo com a promessa de que nada
pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus (vs. 38,39). Um
alerta sobre a possibilidade de queda contradiria o propósito da sua carta.
Paulo
simplesmente estava reiterando o que disse por diversas vezes em suas epístolas
no Novo Testamento — que aqueles que têm vida e coração totalmente carnais não
são verdadeiros cristãos. Eles já estão mortos espiritualmente (v. 6) e, a não
ser que se arrependam, estão condenados à morte eterna. Enquanto isso, a vida
deles na terra é um tipo de servidão horrorosa ao pecado. São escravos da sua
própria carne, constrangidos a suprir seus desejos sensuais.

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