30 novembro, 2011
0 Apenas um vaso de barro - João Calvino (1509-1564)
2Co4.7 - Temos, porém, este tesouro. Quem ouvisse Paulo ostentar de forma tão
extremada a excelência de seu ministério, e visse ao contrário quão ignóbil e
abjeto era ele aos olhos do mundo, concluiria que sua ostentação era infantil e
em si mesma estulta e ridícula, uma vez que baseavam seu julgamento na
insignificância de sua pessoa externa. Os ímpios, especialmente, se aferravam a
este fato como um pretexto que corroborava para que lançassem tudo sobre Paulo
com desprezo. Porém, com a maior habilidade, ele revertia em maior triunfo as
mesmas coisas que aos olhos dos ignorantes pareciam mais degradar do que
glorificar seu apostolado. Primeiramente, ele se utiliza da metáfora do tesouro
que geralmen¬te não é guardado numa caixa esplêndida e ricamente decorada,
senão que é depositado em algum recipiente vulgar, sem qualquer atrativo. Ele,
então, adiciona que é assim que o poder de Deus é mais sublimemente glorificado
e mais claramente percebido.
É como se dissesse: "Os
que usam o aviltamento de minha pessoa como escusa para denegrir a honra de meu
ministério, são juízes injustos e irracionais, porque um tesouro não se torna
menos valioso por ser depositado num recipiente sem qualquer valor. De fato,
esta é uma prática muito comum, pois grandes tesouros têm sido guardados em
potes de cerâmica. Dessa forma, eles não compreendiam que as coisas foram tão
bem ordenadas pela providência especial de Deus, de modo que nos ministros não
deve haver qualquer aparência de excelência, a fim de que nenhuma grandeza
propriamente sua obscureça o poder de Deus. Portanto, uma vez que a condição
abjeta dos ministros, e a insignificância externa de suas pessoas, propiciam
ocasião de Deus receber maior glória, é insensato e errôneo medir a dignidade
do evangelho pela pessoa dos que o pregam." Porém, aqui Paulo está falando
não apenas da condição dos homens, em geral, mas está avaliando a sua própria
situação pessoal, embora seja verdade que todos os mortais não passam de vasos
de barro. Tome-se o mais eminente dos homens que se puder encontrar, alguns
maravilhosamente dotados de todos os dotes de berço, como intelecto e fortuna,
mesmo que seja ele um ministro do evangelho, não passará de um indigno e
terreno depositário de um inestimável tesouro. Não obstante, Paulo está
pensando em si mesmo e em seus associados, os quais eram frequentemente tratados
com desdém precisamente porque nada possuíam de externo para exibirem.
8.
Embora sejamos premidos de todos os lados. Isto é adicionado à
guisa de explicação, com o fim de mostrar que a sua condição abjeta, longe de
denegrir a glória de Deus, antes servia para promovê-la. "Porque",
diz ele, "somos reduzidos a humilhação, mas, por fim, o Senhor abre uma
via de escape; somos oprimidos com pobreza, mas o Senhor vem em nosso socorro. Muitos
inimi¬gos estão de mãos dadas contra nós, mas na proteção do Senhor estamos
seguros. Noutras palavras, ainda que sejamos reduzidos a nada, ao ponto que
todos pareçam superiores a nós, contudo não pereceremos." A última
possibilidade mencionada, de todas é a mais séria. Veja-se como reverte ele em
vantagem todas as acusações que os ímpios lhe assacavam.
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