06 maio, 2011
0 O Beneplácito de Deus é a causa da Lei – João Calvino
Ao colocar diante de nós a Sua
lei como padrão de justiça, Deus baseou cada uma das suas exigências no Seu
beneplácito; concluímos disso que nada é tão aceitável a Ele como obediência à
Sua vontade. Este ponto é digno da nossa mais cuidadosa consideração, porque a
mente do homem está continuamente disposta a inventar novos modos de culto para
granjear a aprovação de Deus. Em todas as eras, esta religião irreligiosa
tem-se mostrado e ainda se mostra em nossos próprios dias; os homens sempre
estão procurando alcançar a justiça por algum meio diferente daquele que está
registrado na Palavra de Deus; e daí ocorre que, entre as realizações que
geralmente são consideradas boas obras, os atos de obediência aos preceitos dos
homens ocupam o lugar de primazia e os preceitos de Deus são quase esquecidos.
A melhor cura para esta enfermidade é lembrar-se constantemente que a lei foi
dada por Deus para nos ensinar a verdadeira justiça; e que nela não é ensinada
retidão alguma senão a obediência à vontade divina, pois segue-se disto que
todas as boas obras inventadas pelo homem são vãs.
Antes de discutirmos cada
mandamento separadamente, seria bom ressaltar três considerações que são
aplicáveis aos dez como um todo.
1. A primeira é esta: a lei reivindica do homem não apenas o
decoro externo como também a justiça interior e espiritual. Embora isto seja
reconhecido por todos os homens, realmente é crido por muito poucos; e isto se
deve ao fato de que não consideram devidamente o caráter do Legislador. Se um
rei terrestre promulgasse um édito proibindo a fornicação, o assassínio e o
furto, não afetaria os homens que se abstivessem de cometer externamente tais
transgressões. Neste caso, o legislador apenas toma conhecimento de atos
exteriores. Mas quando Deus, cujo olho vê todas as coisas, proíbe a fornicação,
o assassínio e o furto, Sua proibição estende-se aos pensamentos do coração,
tais como a concupiscência, o ódio e a cobiça.
2. Há mais nos mandamentos e proibições de Deus do que aparece
na superfície das palavras. Devemos considerar o objetivo pelo qual foi dado
cada mandamento. Por exemplo, o quinto mandamento, "Honra a teu pai e a
tua mãe" visa ensinar-nos que honra deve ser dada a todas as pessoas que
Deus revestiu com honra. Devemos, no entanto, tomar o cuidado de não forçar
demais este método de interpretação, a fim de não nos tornarmos culpados de torcer
as Escrituras para adaptar-se ao nosso próprio interes¬se. Aqueles que assim
fazem, podem obter o que quiserem de qualquer coisa (quodlibet e quolibet). Devemos fielmente representar a mente pura
e genuína do Legislador.
3. Não é sem boa razão que a lei foi dada em duas tábuas. Este
fato é mencionado várias vezes (Êx. 31:18; 32:15, 19; 34:1, 4, 29), e todos os
expositores sólidos admi¬tem que o fato é importante e relevante. Deus, dessa
forma, dividiu Sua lei, o padrão completo da justiça, em duas partes, de modo
que uma delas tratasse do relacionamento entre o homem e Deus, e a outra do
relacionamento entre o homem e o seu semelhante. O fundamento básico da justiça
é a adoração a Deus, e se ele for transtornado todos os demais ramos da justiça
serão danificados e subvertidos. Portanto, a primeira tábua nos ensina a
piedade e os deveres peculiares da religião, e a segunda nos diz como Deus quer
que procedamos com
o nosso próximo.
Desse modo, nosso Senhor Jesus Cristo resume a lei inteira em dois
títulos: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua
alma e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o
segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo" [Mat.
22:37-40; Luc. 10:27).

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04 maio, 2011
0 Eleição e Predestinação - João Calvino (1509-1564)
Já que o pacto de vida não
é pregado entre todos os homens igualmente, e entre aqueles a quem é pregado
não acha a mesma receptividade, quer qualitativa, quer continuativamente, nessa
diversidade se manifesta a admirável profundeza do juízo divino. Pois não há
dúvida de que esta variedade serve também ao arbítrio da eterna eleição de
Deus.

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