24 abril, 2010
0 Santidade Prática - João Calvino
Aquele
que não difama com sua língua, nem faz mal a seu companheiro nem suscita
notícias caluniosas contra seu próximo.
Davi, depois de ter
sucintamente exibido as virtudes que devem adornar aos que desejam um lugar na
Igreja, agora enumera certos vícios dos quais devem estar isentos: Aquele que não difama com sua língua, nem
faz mal a seu companheiro nem suscita notícias caluniosas contra seu próximo.(Sl
15.3)
Em primeiro lugar, diz que não
devem ser difamadores ou caluniadores; em segundo lugar, devem refrear-se de
fazer alguma coisa prejudicial e injuriosa a seu próximo; e, em terceiro lugar,
não devem contribuir com a divulgação de calúnias e falsas notícias. Outros
vícios, dos quais os justos devem estar isentos, toparemos com eles à medida que
avançarmos. Davi, pois, situa a calúnia e difamação como o primeiro item da
injustiça pelas quais nosso próximo é injuriado. Se um bom nome é um tesouro,
mais precioso que todas as riquezas do mundo [Pv 22.1], não há maior injúria que alguém poderia sofrer do que
ver ferida sua reputação. Entretanto, não é qualquer palavra injuriosa que aqui
se condena, mas a moléstia e lascívia da difamação que incita as pessoas
maliciosas a espalharem calúnias.
Ao mesmo tempo, não se pode pôr
em dúvida que o propósito do Espírito Santo era condenar todas as falsas e
ímpias acusações. Na cláusula que se segue imediatamente, a doutrina que ensina
que os filhos de Deus devem manter-se afastados quanto possível de toda
injustiça é declarada de forma muito geral: Nem faz mal a seu companheiro.
Pelas palavras, companheiro e próximo, o salmista quer dizer não só aqueles com
quem desfrutamos de relacionamento familiar e vivemos em termos de íntima
amizade, mas todos os homens a quem estamos ligados por laços de humanidade e
natureza comum. Ele emprega esses termos para mostrar mais claramente a
odiosidade do que ele condena, e para que os santos nutram a mais intensa repugnância
de toda e qualquer conduta negativa, visto que cada pessoa que fere seu próximo
viola a lei fundamental da sociedade humana.
Com respeito ao significado da
última cláusula, os intérpretes não chegaram a um consenso. Alguns tomam a
frase, suscita notícias caluniosas, por inventar, porque as pessoas maliciosas
suscitam calúnias do nada; e assim ela não passa de uma repetição da afirmação
contida na primeira cláusula do versículo, ou seja, que as pessoas boas não
devem permitir que elas cedam à difamação. Mas creio estar também aqui repreendido
o vício da credulidade desmedida, a qual, quando alguma má notícia é divulgada
contra nosso próximo, nos leva ou a avidamente dar-lhe crédito, ou pelo menos a
recebemos sem razão plausível. Enquanto deveríamos, ao contrário, usar de todos
os meios para eliminá-la e destruí-la sob nossos pés. Quando alguém é o condutor
de falsidades inventadas, os que as rejeitam as lançam, por assim dizer, no
chão; enquanto que, ao contrário, os que as propagam e as publicam, de um
ouvido a outro, através de uma forma expressiva de linguagem, levam a fama de
suscitá-las.
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