25 março, 2010
0 Amor Invencível - João Calvino
“Quem
nos separará do amor de Cristo?” Ele agora dá mais amplitude a
esta segurança, levando-a para a esfera dos seres inferiores. Aqueles que se
deixam persuadir pela divina benevolência em seu favor são capazes de manter-se
firmes nas mais variadas e prementes aflições. Estas atormentam o ser humano
numa extensão muito ampla, seja porque não consideram que estas coisas procedem
da providência divina, ou porque interpretam-nas como sinais da ira divina, ou
porque acreditam que Deus esqueceu-se deles, ou porque não conseguem divisar o
propósito delas, ou porque não conseguem meditar sobre uma vida melhor, ou por
outras razões similares. Mas quando a mente se vê purgada de erros dessa
espécie, então facilmente mergulhará em perene placidez.
O sentido das palavras consiste
em que, seja o que for que nos aconteça, devemos permanecer firmes na confiança
de que Deus, que uma vez por todas um dia nos envolveu em seu amor, jamais
deixará de cuidar de nós. Paulo não diz simplesmente que não existe nada que
dissuada Deus de seu amor por nós, e, sim, que deseja que o conhecimento e o
vivido senso do amor sejam tão fortes em nós que o mesmo venha a vicejar em
nossos corações, de uma maneira tal, que sempre triunfe em meio às trevas de
nossas aflições.
Tal como as nuvens, embora
escureçam passageiramente a clara visão do sol, não nos privam totalmente de
sua luz, também a nós, em nossas adversidades, Deus nos envia os raios de sua
graça através de nossas trevas, a fim de que a tentação não nos vença e nos
faça mergulhar em desespero. Deveras, nossa fé deve ascender com asas, movidas
pelas promessas divinas, e penetrar o próprio céu, vencendo todos os obstáculos
que tentam obstruir nossa jornada.
A adversidade, é verdade,
considerada em sua própria natureza, é um sinal da ira divina; mas quando o
perdão e a reconciliação a tenham precedido, então passamos a compreender que,
embora Deus nos puna, todavia jamais se esquecerá de exercer sua mercê em nosso
favor. Paulo nos lembra o que realmente merecemos, mas enquanto insiste em
nossa necessidade de exercer arrependimento, também testifica não menos que a
nossa salvação é especial objeto do cuidado divino.
Ele fala de o amor de Cristo,
porque o Pai, em Cristo, revelou sua compaixão para conosco. Portanto, visto
que o amor de Deus não deve ser visto fora de Cristo, então Paulo corretamente
nos lembra esta verdade, para que a nossa fé possa contemplar o sereno
semblante do Pai através dos fulgurantes raios da graça de Cristo.
Sumariando, nenhuma adversidade
deve minar nossa confiança de que, quando Deus nos é propício, nada poderá ser
contra nós. Há quem tome o amor de Cristo em sentido passivo, pelo amor por
meio do qual o amamos, como se Paulo quisesse munir-nos de uma coragem
invencível. Mas este equívoco é facilmente desfeito pelo contexto todo, e o
apóstolo, aqui, também remove toda possível dúvida mediante uma definição mais
clara desse amor.
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